O Festival Jazz & Blues tradicional está de volta! Depois de dois anos acontecendo em formatos alternativos, por conta da pandemia de Covid-19, a 24ª edição chega com uma gosto especial de reencontro de músicos com o grande público cativo do festival em sua estrutura serrana. O período e o local não poderiam ser outros: será nos dias de Carnaval, de 18 a 21 de fevereiro, em Guaramiranga, Ceará. Shows, bate-papos, oficinas e homenagens vão marcar a programação, que será, de fato, festiva, com convidados não só do jazz e do blues, mas de outros gêneros que bebem de suas fontes para a riqueza de suas interpretações.
O cantor e compositor cearense Ednardo será homenageado no festival. No palco da Cidade Jazz & Blues, estrutura erguida pelo evento a cada edição, ele apresenta algumas músicas do repertório de “50 anos de Sarau Vox 72”, disco originado pela fita gravada no sarau de despedida realizado na loja de discos de seu pai, antes de sua ida ao Rio de Janeiro, há cinco décadas. No show, Ednardo será acompanhado por Carlinhos Patriolino (guitarra), Cláudio Mendes (teclado e samplers), que assina os novos arranjos das canções, Luiz Miguel (baixo) e Igor Ribeiro (bateria). Nos vocais, Carol Damasceno, Kellen Kristty, Régis e Rogério Soares.
Marimbanda, grandes referências da música instrumental do Ceará, faz nesta edição uma homenagem a Luizinho Duarte, um dos mais respeitados músicos de Fortaleza, com mais de 500 obras catalogadas. Mestre compositor, baterista e fundador do grupo, Luizinho faleceu em abril de 2022, dois meses depois de sua última apresentação com o grupo, realizada no teatro Rachel de Queiroz, de Guaramiranga, durante o Festival Jazz & Blues – Edição Especial. Atualmente a Marimbanda é formada por Heriberto Porto (flautas), Thiago Almeida (arranjos e piano), Pedro Façanha (baixo acústico) e o mais novo integrante, Michael da Silva (bateria e percussão). Neste show, o grupo apresenta um repertório que visita a discografia e reverencia as obras do mestre com novas leituras e arranjos de Thiago Almeida, que olham para o futuro do quarteto.
Com a sua voz poderosa, gestos elegantes e um som que transmite as tradições musicais do Mali, seu país de origem, associadas a elementos de blues, jazz e sons eletrônicos, a cantora Djely Tapa, residente no Canadá, apresenta no festival o repertório do álbum “Barokan”, uma homenagem às mulheres e ao africanismo. Com este disco solo, foi agraciada no canadense Juno Award com os prêmios de Álbum de World Music do Ano e o Juno Awards de 2020. Djely Tapa partilha as palavras sábias e a arte vocal dos griots, figuras emblemáticas da sociedade maliense antiga e contemporânea. Ela vem de uma ilustre linha de griots; é filha do mítico Djely Bouya Diarra e de Kandia Kouyaté, uma das maiores cantoras do Mali.
Se é pra falar de voz, uma conquistou milhares de apreciadores no país ao participar da última edição do programa The Voice Brasil. Makem, artista cearense, começou a revelar sua voz em 2015, em um karaokê na Barra do Ceará, bairro de Fortaleza. Em 2019 lançou ‘’Simplesmente Teu’’, seu primeiro trabalho autoral, assinando composição, letra e melodia, com o arranjo de Ananias Góis e produção de Amedício Jr. Com elementos do R&B dos anos 90, a música conta a história de um coração partido, mas também a iniciativa de amor-próprio. Ainda em 2019, Makem ingressou em seu primeiro projeto independente chamado “SoulSin”. Hoje, Makem pega a estrada com seu novo show “Vozes”, onde a artista passeia, delicadamente, pelas grandes vozes nacionais e internacionais de hoje e de ontem. Com sua voz aveludada e cheia de referências, Makem quer, com esse novo show, transmitir aquilo que está em nossos corações em interpretações únicas.
As cantoras Marília Lima, Jael Lia e Shirley Cordeiro, a cantora e tecladista Gabriela Willis, a guitarrista Débora Marc, a contrabaixista Mirele Alencar e a baterista Ayla Lemos são as Mulheres do Blues. Juntas pela primeira vez no palco, dão um mergulho na história do gênero musical apresentando “Blues Ontem, Hoje, Sempre!”, show especialmente concebido para esta edição do festival. São sete representantes femininas do efervescente cenário do Ceará, em uma união de talentos, trajetória e musicalidade. Será um passeio pelas origens do blues, pelas matrizes do Delta, de Chicago e pelas influências do blues sobre a música brasileira, até chegar à produção autoral de artistas como as que estão reunidas especialmente para este show.
Quem está de volta ao Festival em Guaramiranga é Hamilton de Holanda, bandolinista que conquistou plateias em turnês pelo mundo, além de inúmeros prêmios. Ele, o pianista Salomão Soares e o baterista Big Rabello formam o Hamilton de Holanda Trio, que apresenta o espetáculo “Onde o Choro encontra o Jazz”. No repertório, pérolas do cancioneiro como “Um Tom para Jobim” (Sivuca e Oswaldinho), “Chega de Saudade” (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), “Chorinho pra Ele” (Hermeto Pascoal) e clássicos do repertório autoral do bandolinista como “Tamanduá”, “Nasceu o Amor” e “Saudades do Rio” e algumas ainda inéditas como “Endelessly”, parceria com Michael League, baixista do Snarky Puppy, e “Flying Chicken”, nome provisório de seu novo projeto.
O violonista e compositor cearense Cainã Cavalcante também apresenta no festival a música instrumental com pegada jazzística. O artista tem mais de 20 anos de carreira, iniciada aos dez anos de idade, quando venceu seu primeiro concurso de violão erudito em São Paulo, onde reside atualmente. Tem no currículo diversos concertos pelo Brasil, América Latina e países da Europa, como Alemanha, Áustria, Holanda, França, Letônia e Suécia, e sete discos lançados, dois dos quais em 2021, “Paracosmo” em parceria com Ricardo Bacelar, e “Sinal dos Tempos – Cainã toca Garoto”, parceria com Paulo Braga e Guto Wirtti, onde revive a obra do paulistano Garoto, um dos mais celebrados compositores de sua época. Sete décadas depois de sua morte aos 39 anos, Garoto é estudado, reverenciado, e tem seus tesouros musicais gravados por notáveis como Baden Powell, Bola Sete, Guinga, João Gilberto e Yamandu Costa. É este trabalho que Cainã apresentará no 24º Festival Jazz & Blues.
O trombonista e compositor capixaba Joabe Reis vem ao festival com uma rica bagagem sonora que o credencia como um dos nomes mais conceituados da música instrumental brasileira atual. Joabe Reis produziu e lançou em 2020 seu primeiro disco autoral, “Crew in Church”, cujo nome remete à sua relação com as referências da música gospel somadas ao hip-hop e suas vivências na metrópole São Paulo, onde reside, e a música urbana. São nove faixas onde reverencia o jazz, altamente influenciado pelo Hip-Hop, Neo Soul, Funk e o Pop. Destaca em suas composições elementos da música afro-brasileira e o R&B e reúne importantes nomes da música instrumental como Toninho Horta, Nelson Ayres e do trombonista londrino Elliot Mason. Joabe Reis já atuou como trombonista, arranjador e/ou produtor de nomes como Bob Mintzer (EUA), Anitta, Robin Eubanks, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Toninho Horta e Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo.
Vanessa Moreno e Salomão Soares, o mais expressivo dueto de jazz brasileiro da atualidade, sobe também ao palco do festival nesta edição. Vencedora do Prêmio Profissionais da Música Brasileira em 2017 e 2018 na categoria ‘Cantora’, e em 2021 como ‘Cantora’ e ‘Autora’, Vanessa se destaca como uma das maiores revelações musicais no Brasil. O pianista, arranjador e compositor Salomão Soares já gravou ou dividiu o palco com grandes artistas da música brasileira como Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda, Toninho Horta, Leny Andrade e Toninho Ferragutti (com quem gravou um disco em duo), entre tantos outros. Uma das revelações do piano brasileiro, Salomão é vencedor do Prêmio MIMO Instrumental 2017, finalista do Piano Competition no Festival de Montreux 2017 – Suíça, vencedor do Prêmio Novos Talentos do Festival Savassi 2018. Como duo, Vanessa e Salomão têm dois trabalhos lançados: “Chão de Flutuar” (2019) e “Yatra-Tá” (2021). No repertório estão compositores como Joyce Moreno, Luiz Gonzaga, Djavan, Hermeto Pascoal e Tania Maria, uma das principais influências do duo e que inspirou o nome desse segundo registro.
O multiartista Silvero Pereira, que tantas vezes esteve em Guaramiranga participando do tradicional Festival Nordestino de Teatro (FNT), volta à cidade serrana, desta vez, no palco do Festival Jazz & Blues com o show “Silvero interpreta Belchior”, um tributo ao conterrâneo que tem lotado plateias por onde passa. É um show cortante como faca, um corte profundo na alma. As canções interpretadas por Silvero ganham as conotações de outro rapaz latino-americano, de Mombaça, que driblou a fome e a sede através da arte. No repertório, algumas das favoritas de Silvero, como “A hora do almoço”, “Pequeno Mapa do Tempo”, “Paralelas”, além de várias outras canções especiais para o intérprete. A banda que acompanhará Silvero é formada pelos músicos Caio Castelo (violão e guitarra), Dândara Marquês (baixo), Joana Lima (Teclado), Rochanna Farias (Saxofone) e Vladya Mendes (bateria).
A cantora cearense Lorena Nunes está de volta ao Festival Jazz & Blues. Ela apresenta nesta edição o show “Embarcação”, com uma estrutura estética, sonora e sensorial que possibilita a navegação de sua música, originada no “porto” Ceará, com destino aos mais variados portos no Brasil e no Mundo. La Mar, o terceiro e mais recente álbum da artista, é o centro dessa composição, um trabalho que define como um disco cigano, que contém o minimalismo da bagagem leve, sempre no lugar da simplicidade, de remover os excessos. Este show é uma experiência provocativa aos sentidos, intermediada pela música, que remete aos ancestrais encontros circulares ao redor da fogueira, historicamente utilizada para partilhar cânticos e histórias.
É também do Ceará o baterista Robertinho Marçal, que iniciou ainda criança sua carreira musical, que já trilha há 28 anos. Durante sete anos integrou a banda de Raimundo Fagner e atualmente está em turnê com o Padre Fábio de Melo. Robertinho estudou com alguns dos grandes bateristas do mundo, como Steve Smith, Dave Weckl, Jogo Mayer e Benny Greb em Chicago, e com Dave Dicenzo e Henrique de Almeida na Berklee College of Music, em Boston, nos Estados Unidos. No Festival Jazz & Blues, Robertinho Marçal apresenta as canções do seu primeiro álbum solo, que leva seu nome, lançado em 2019 com músicas de compositores cearenses. O show passa por uma imersão na identidade do músico, com sua versatilidade e virtuosismo, com a missão de tocar e emocionar os ouvintes. Para dividir o palco, Robertinho Marçal convocou grandes músicos e amigos: Miqueias dos Santos (contrabaixo), Thiago Almeida (teclados), Rafael Maia (teclados) e Stenio Gonçalves (guitarras). O show é uma celebração ao amor, a música, a amizade e claro, aos tambores, sua grande paixão.
Para encerrar o festival com um espetáculo divertido, para público de todas as idades, o grupo Dona Zefinha apresenta “O circo sem teto da lona furada dos bufões”, uma comédia musical infantil que retrata a história de um circo mambembe nordestino tentando sobreviver no midiático mundo contemporâneo. Os palhaços “Bufão”, “Panfeto” e “Pafim”, regem a charanga tocando instrumentos exóticos ao vivo, fazendo gags, brincando com a plateia num tom despojado e teatral. Com uma linguagem musical e dramaturgia próprias, unindo música, teatro e elementos do circo e de espetáculos de rua, o grupo Dona Zefinha vem trilhando um longo e enriquecedor caminho na qual vem estabelecendo um diálogo global, com qualidade artística, bom humor e suingue.
O 24º Festival Jazz & Blues é uma realização da Via de Comunicação. Agradecimentos: Enel e Solar Coca-Cola, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Apoio Institucional: Prefeitura Municipal de Guaramiranga e Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura (Secult-CE).
SERVIÇO
24º Festival Jazz & Blues: De 18 a 21 de fevereiro de 2023 em Guaramiranga, Ceará. Site: www.jazzeblues.com.br. Redes Sociais: Facebook [Festival Jazz & Blues (CE)] Instagram [@festivaljazzeblues]. Informações: producaojazzeblues@gmail.com.