Vivemos hoje no país um grande momento de incertezas socioeconômicas, que deixam todos os setores da nossa economia com o alerta ligado quanto ao presente e futuro. Dados recentes apresentam um crescente aumento nos números de inadimplência em vários setores da economia. No final de 2018, foi divulgado pelo Serasa Experian que o Brasil tem hoje um número de endividados que se compara ao tamanho da Itália, são 63,4 milhões de pessoas com dívidas pendentes.
Em 2017, segundo o mesmo órgão, foi mostrado que o número de empresas que apresentavam inadimplência no Brasil atingiu recorde, eram 5,3 milhões de negócios com o CNPJ negativado. Mais da metade das empresas em situação de inadimplência se concentravam na região sudeste. No Nordeste, o percentual era de 16,3%; Sul, 15,6%; Centro-Oeste, 8,6% e Norte, com 5,3%.
A análise entre estados mostrou que São Paulo concentra o maior número de empresas inadimplentes, com o percentual de 32,9%, em seguida aparece Minas Gerais, com 11,0% e, por último, Rio de Janeiro, com 8,3%.
Já em relação a cheques devolvidos, segundo o indicador Serasa Experian, foi mostrado que o primeiro semestre de 2018 apresentou queda de 2,02%, menor em comparação ao mesmo período em 2017, que apresentava 2,13%. O ano de 2018 acumulou 4.461.159 de cheques devolvidos e 221.061.824 de cheques compensados.
O que esses dados de inadimplência revelam sobre os negócios no Brasil?
Baseado nesses índices é muito importante entender o quanto o seu CONTAS A RECEBER, está impactando na saúde financeira do seu negócio. Assim, é preciso se atentar a alguns fatores, tais como:
- A estrutura para cobrar é adequada? Se não, é preciso estruturar;
- Há informações diárias atualizadas? Se não, é preciso obter informações;
- A rotina segue algum processo? É preciso ter um método;
- Consegue boas negociações com os devedores?;
- Sabe qual é o índice de atrasos? É preciso indicadores.
A inadimplência nos negócios pode ser prevenida por meio de ajustes na gestão financeira da empresa. Quando esse problema atinge um negócio, dentre os fatores envolvidos, geralmente estão: a falha da previsão em longo prazo e a diminuição dos lucros. Como isso pode ser revertido dentre os clientes? Confira 7 dicas do consultor empresarial, Marcelo Viana:
1. Pagamento à vista ou cartão de crédito – Promissória, cheque ou carnê aumentam a probabilidade de que o cliente não consiga quitar a dívida. Embora as taxas sejam menores, o controle sobre as finanças é prejudicado. O pagamento à vista ainda é a melhor opção para evitar a inadimplência, mas em casos de parcelamento, a melhor opção ainda é o cartão de crédito, mesmo com as taxas maiores;
2. Política interna de concessão de crédito – Muitos negócios optam pelo crédito interno, ou seja, em oferecer um cartão próprio ou carnê. É uma opção atrativa para o cliente, pois permite a compra com taxas muito menores. O cuidado deve ser em definir quais serão os critérios para oferecer este recurso aos clientes, é preciso se certificar de que existe capacidade financeira e de que o nome não tenha restrições;
3. Como incentivar o pagamento à vista? – A melhor maneira de estimular os clientes ao pagamento à vista é oferecendo alguma oferta ou desconto caso optem por essa modalidade;
4. Envie lembretes para o pagamento com antecedência – É fundamental que o negócio tenha todas as informações de compra e pagamento dos consumidores e que entrem em contato antes do prazo de vencimento;
5. Emita a nota fiscal – A nota fiscal além de evitar o crime de sonegação fiscal, também é uma maneira de assegurar os futuros recebimentos. Não vale a pena correr o risco da não emissão por conta do pedido específico de um cliente, é preciso manter a rigidez quanto às políticas de pagamento;
6. Contrato – A Nota Fiscal pode não ser tão efetiva como garantia de pagamento, sendo assim, um outro recurso útil é o contrato, em que ficam claras todas as condições de entrega e recebimento do produto, assim como a forma de pagamento e quais são os deveres e obrigações de ambas as partes;
7. Abertura para acordos – Se o atraso completar os 45 dias, é importante contatar o cliente e tentar chegar a um acordo de qual a melhor forma de pagamento para quitar a dívida. Lembre-se de que esse é um processo que deve ser feito com humanização, coloque o bom relacionamento com os seus clientes acima de quaisquer eventualidades.
Invista na cobrança eficiente
É fundamental ter uma equipe devidamente treinada para uma cobrança efetiva que consiga diminuir a taxa de pendências nos pagamentos, sem diminuir a base de clientes. O bom relacionamento entre clientes e a empresa é fundamental.
Vale investir em treinamento a equipes que possam ajudar a manter o bom relacionamento da empresa com os seus clientes, tornando o processo de eventuais negociações muito mais eficaz e leve para ambas as partes.
Lidar com a inadimplência faz parte da realidade de muitos negócios, mas com uma mudança de atitudes no dia a dia da empresa, é possível contribuir com a gestão e minimização de riscos.
Marcelo Viana – Tem mais de 20 anos de experiência em Controladoria e Administração Financeira. É diretor da T4 Consultoria, focada nas pequenas empresas.